quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Incursão ao covil dos Kobolds - Parte 1

Já era manhã do sexto dia da primeira semana da maré de verão e os aventureiros designados pela Falange, em Portal de Baldur para guarnecer a construção de um farol financiado pelo clero de Lathander não haviam decidido o que fazer. Abin, reconhecendo que seu feitiço não seria suficiente para manter uma única pessoa debaixo d´água por tempo suficiente para explorar o misterioso navio que caíra do céu via-se desnorteado. Allan e Brander porém sabiam bem por onde começar. Deveriam seguir o conselho do anão, entrar no covil dos kobolds e lá descobrir o segredo da submersão. O que não seria fácil pois nenhum dos aventureiros sabia como chegar ao covil seja por terra ou por mar.


Dingól, Khorat, Corona, Vampira e Yuden estavam no acampamento esperando instruções, auxiliando Kate no que ela designasse. Ela mesma já havia dito no dia anterior que poderia construir uma máquina capaz de levar a todos para o fundo do mar, mas o processo levaria meses e não haviam recursos necessários no acampamento e a julgar pelos últimos acontecimentos seria pouco provável que alguém os financiasse. A própria Falange já teria de prestar satisfações pela suposta traição enquanto o clero de Lathander procuraria a justiça pelas mortes dos acólitos e trabalhadores. Abin, que era quem comandava um grupo a parte, decidira que deveriam realmente encontrar os kobolds mas não invadiriam seu covil deliberadamente. Marcariam um encontro e entregariam-lhes as cabeças dos três traidores. Corona, Vampira e Yuden.

Allan é claro bolou todo o plano. Três corpos seriam desenterrados, decapitados e com os poderes de ilusão que os gnomos possuem as cabeças seriam transformadas. Mas os kobolds eram espertos e estariam vigiando a todos então encenaram que Brander assassinara Vampira, Yuden e Corona.
Para a execução do plano o gnomo chamou Khorat para escavar no cemitério, onde fora armada uma tenda. O anão cavou pois já não tinha paciência para ouvir as reclamações da meio-elfa que não conseguia, sozinha, dar andamento à construção de seu farol. Dingól por sua vez já não tinha paciência para ser coadjuvante e foi tirar satisfações com Abin sobre o que estavam fazendo e, com sua lábia, fez o pequeno servo de Yondalla a crer em seu arrependimento. Mas quando Vampira disse que Allan e o anão estavam profanando corpos o pequeno halfling quase enlouqueceu, mas mais uma vez foi levado pela lábia do gnomo que o convencera de que aquilo era por uma boa causa.

Dingól a essa altura já acreditava que era a vontade de Yondalla que determinados sacrifícios fossem feitos para que tanto a Falange quanto o clero de Lathander fossem novamente honrados e que os recursos disponíveis deveriam ser usados ante a dificuldade que se apresentava. Ou ao menos ele tentava enganar a si mesmo com essa afirmação.

Enquanto o plano era arquitetado e executado, Erryk caminhava a esmo pela praia, frustrado por ter sido ludibriado e levado a uma jornada sem sentido, impossibilitado de lutar ao lado do farol e salvado pessoas que morreram sem chance de defesa. Corona tentou convencê-lo na praia mas seus métodos peculiares surtiram pouco efeito no guerreiro das correntes espinhosas. O coração guerreiro de Erryk clamava por uma boa luta e o embate com a gladiadora na noite anterior, derrubando-a não chegou perto de satisfazê-lo. Depois de muito discutir com o elfo, optou por tirar satisfações com o mago, e aceitou o engodo para com os kobolds. Enganariam os pequenos lagartos, descobririam seu covil, fariam a invasão e conquistariam o tesouro.

E a primeira metade do plano foi executada. Brander nocauteou Yuden, Corona e Vampira. Todos já sabiam do plano mas não contavam que quase encontrariam a morte não fosse pelas bençãos de Yondalla, cujo clérigo estava acampado no cemitério para manter vivos os três guerreiros. Depois disso, o tiefling chamou pelo mensageiro kobold e o encontro foi marcado. Ao cair da noite, a embarcação dos kobolds chegou à praia guarnecida por dois Nycters. 

Allan, Brander e Abin fizeram toda a negociação, o que não foi fácil. Mas as palavras melodiosas do gnomo e enganaram os lagartos que mataram alguns de seus próprios membros. Um dos Nycters tentou fugir para alertar o covil mas foi derrubado por seu igual. Agora, traidores kobolds se aliaram aos membros da Falange e o barco foi equipado. Não cabiam todos então Khorat e Erryk foram agarrados a uma corda enquanto Dingól, Allan, Abin e Brander tentavam fazer com que o barco seguisse seu trajeto até a imensa caverna.



Mas algo ocorreu, algo que Abin não havia previsto. Vampira, cansada do engodo e de ficar parada, levanta-se e com um golpe de seu machado arranca a cabeça do kobold líder da embarcação. Não havia quem guiasse os aventureiros até a gruta mas o Nycter restante foi seduzido com a promessa de riqueza e ouro, e acabou guiando os aventureiros pelo mar até o covil.

O covil dos kobolds era uma grande caverna na encosta, em formato da cabeça de um boi com um dos chifres quebrados. Dizem que ali vivia um mago do povo do mar que fora devorado por seu próprio animal de estimação, um imenso peixe. E agora é a morada dos kobolds que haviam fugido dos picos da tempestade quando os goblinóides invadiram. Os Nycters vieram juntos mas por serem em menor número foram dominados pelos kobolds. A entrada do covil pelo ma não era muito guarnecida pois poucos conheciam o caminho e embarcações humanas não poderiam ancorar naquelas pedras, tampouco esperava-se alguma ameça vindo do mar por mergulhadores. Não haviam, portanto, kobolds naquela gruta.

Mas havia um guardião.

Um imenso peixe com tentáculos na cauda e quatro patas abaixo da cabeça. Um Morkoth.
A criatura tinha poderes telepáticos e hipnotizou o anão  que ficou parado debaixo d´água apenas observando a criatura que em seguida o abocanhara tirando-o de seu transe. A embarcação entrou na caverna iluminada e o Nycter mostrou-se um traidor, atacando a todos com seu ataque sônico. A embarcação chocou-se contra a pedra fazendo com que Yuden e Vampira caíssem na água cuja profundidade era maior do que se esperava e muitos, muitos tesouros jaziam submersos naquela caverna. O baque da canoa com a parede da caverna chamou a atenção dos kobolds que vinham às dezenas pela portinhola e foram prontamente interceptados por Corona, protegendo todo o grupo enquanto Yuden lançava-se novamente à água numa tentativa de salvar o anão que lutava desesperado contra o Morkoth. Dingól, num ato de desespero, clamou pela Abençoada mãe dos halflings, e ela o atendeu, pois do mundo dos mortos um esqueleto com sua cimitarra lançou-se contra o grande peixe. Na entrada da caverna Erryk tentava recuperar-se de tudo, nadava o quanto podia até a pedra mais próxima mas era atacado constantemente pelo Nycter, que chegou a incendiá-lo.

E agora os aventureiros estão em visível desvantagem, os principais combatentes debaixo d´água lutando contra um peixe que mostrou-se imune aos feitiços de Abin, que acabou sendo atingido pela própria magia, Corona tentava ganhar tempo enquanto Erryk apagava no mar o fogo que lhe fora lançado pelo Nycter. Vampira, Dingól e Brander esquivavam-se como podiam dos ataques vindos de todos os lados.

E não se sabe se a Falange sobreviverá a esta desastrosa invasão...

Aguardem cenas do próximo capítulo!


domingo, 9 de outubro de 2011

Revelações

Não muito longe da construção do Farol de Lathander, os três outros combatentes da Falange espreitavam entre a grama alta num ponto elevado junto a um grupo de kobolds. A verdade é que haviam traidores entre os mercenários da Falange. Capitaneados pelo feiticeiro Abin Kazar, os combatentes Corona, o elfo do sol desgarrado das cidadelas de Cormanthor, Vampira, a gladiadora luxuriosa sedenta pelo sangue e o suor dos homens, e Yuden, o cavaleiro negro de Amn, forjaram aliança com um covil de kobolds que controlava a região.


A missão era simples, emboscar um grupo de trabalhadores que iriam para Beregost para os dias de folga, saqueá-los e depois receber a missão de exterminar os kobolds e ser recompensados pelo clero de Lathander. Ouro... o vil metal que corrompe os corações dos homens e os leva a cometer os mais terríveis atos, como trair inocentes levando-os à morte inevitável.


Dias antes, Corona, Vampira e Yuden escoltavam uma caravana vinda de Beregost para a construção do Farol, mas desviaram do caminho e os levaram ao covil de trols. Não houve defesa e todos foram destruídos ou devorados. Nunca saberemos.

Mas algo deu errado nos planos de Abin, pois na estrada para Beregost, não um pequeno grupo de trabalhadores rumava para fora da construção, mas todos os trabalhadores, escoltados pelos acólitos de Lathander e pelo paladino Bruce. Corona, Vampira e Yuden discutiam sobre o que deveria ser feito. Yuden insistia para que que o plano de Abin fosse mantido, devíamos apenas observar, mas Corona pensava o contrário, deveriam interferir na luta, proteger a caravana e ganhar as graças da igreja de Lathander. Vampira por sua vez queria apenas lutar e derramar sangue. Optaram que lutariam ao lado que estivesse vencendo, e quando a batalha começou, os kobolds não estavam levando a melhor, apesar de muitas baixas dos trabalhadores.

Então avançaram com seus cavalos colina abaixo. Vampira e Corona tiveram problemas com as celas de seus cavalos e caíram sendo arrastados por quase cinqüenta metros enquanto Yuden o único que realmente lutou contra os kobolds atravessou sua lança no líder da matilha matando-o instantaneamente. A comoção foi grande entre os sobreviventes que gritaram que a Falange surgia para salvá-los da morte, e os kobolds fugiram, traídos e praguejando vingança.



Bruce interpelou o grupo, agradecendo a ajuda e claro, perguntando por que estavam ali e onde estava a caravana que deveriam ter protegido. Mas Yuden foi rápido ao responder que foram emboscados por trolls e infelizmente não houve como protegê-los. O argumento foi convincente mas um dos acólitos ouviu Corona mencionando que os Kobolds haviam fraquejado as celas e por isso Vampira e ele caíram. Foi o suficiente para que Bruce desconfiasse de traição pois o grupo recusou-se a acompanhar os viajantes até Beregost.

O paladino, preocupado com a segurança de todos acomodou os feridos da melhor forma que pôde assim como os mortos para que seus corpos não fossem vilipendiados pelos algozes. Os feridos que ainda podiam andar foram preparados para a defesa caso os kobolds voltassem, e então continuaram a jornada.

Enquanto isso, Corona, Yuden e Vampira afastaram-se de todos dizendo que voltariam ao farol reunir-se com o restante do grupo. Mas acomodaram-se sob uma árvore decidindo sobre o que deveriam fazer. Yuden sugeriu que deveríamos aguardar e matar a todos da caravana durante a noite. Vampira não se opôs mas Corona disse que deveriam mesmo voltar até o farol, afinal, a dúvida de um paladino não seria maior que o que todos os trabalhadores viram. Heróis da falange que se lançaram contra um inimigo e os salvaram. Mas não houveram argumentos e então permaneceram.

Longe dali, na construção do Farol, Khorat acorda sentindo dor de cabeça e reclamando de um sonho esquisito em que levara uma surra da meio-elfa. Dingól que estava ao seu lado brinca e ri, dizendo que não foi sonho, foi verdade, e o anão se revolta mas por dentro, acaba rindo e a meio-elfa ganha seu respeito. O que foi bom pois agora toda ajuda seria necessária para que o farol pudesse ao menos ser defendido ou que sua construção fosse finalizada.

Na praia, Abin, Erryk, Allan discutiam sobre o navio no fundo do mar. Decidiram ir novamente ao lugar, testar um novo encantamento de Abin. Lá, Brander e Erryk descobriram que mesmo o encantamento não duraria muito tempo para fazer o que fosse preciso. Mas deveria durar. Dingól desceu até a praia, desconfiado com o que estava acontecendo e incomodado com tantos mistérios dentro do próprio grupo, achou que deveria se mostrar menos covarde e impor-se aos aliados. E lá chegando foi bem recebido por Abin, que disse confiar apenas no pequeno servo de Yondalla a cuidar de seus pertences. Dingól, curioso como muitos halflings, aceitou a demanda e é claro que quando todos estavam longe no mar começou a bisbilhotar os pertences do mago, o que foi ao menos engraçado pois é claro que não conseguia dominar o poder arcano e se assustou com faíscas e movimentos de pedra que vinham de quaisquer lugares até sua mão. Longe dali, no mar, Erryk mergulhou e descobriu que outras criaturas já tinham conhecimento do navio. Criaturas humanóides do mar montados no que seriam equivalentes a cavalos na terra. Assustado e sem ter como combater num lugar como o fundo do mar, voltou ao barco o mais rápido que pôde e revelou o que descobrira para descontentamento de Abin.



De volta à praia, enquanto discutiam sobre como chegar à embarcação, um feixe de luz saiu do navio até os céus e logo desapareceu. Talvez, seja lá o que estivesse escondido ali já fora levado, ou apenas uma armadilha ativada que dera cabo das criaturas do mar. Não havia como saber. Não naquele momento. Decidiram então voltar à construção do Farol.

Khorat reforjava uma roda dentada como ordenado por Kate, vitoriosa da luta na noite anterior. A engenheira mostrou-se mais que uma simples mestiça que desenha projetos em pergaminhos pois havia pescado grandes peixes para que todos pudessem comer. Não havia muito que fora deixado pelos trabalhadores e pelos acólitos de Lathander. Enquanto os membros da falange que não sabiam de todos os segredos encontravam um meio de se manterem ocupados, Brander com seu apito convocou o mensageiro dos kobolds pois Abin concluira que precisariam da ajuda daquelas criaturas para que pudessem mergulhar e permanecer submersos por mais tempo que o conseguido até aquele momento. O tiefling fora surpreendido quando o mensageiro disse que foram traídos. Mas o líder dos kobolds aceitou o encontro que aconteceu algumas horas mais tarde. E nesse encontro a traição foi revelada e as cabeças de Vampira, Corona e Yuden foram exigidas como pagamento pelo ocorrido.

Ao cair da noite, o trio que traíra os kobolds decidiu que era hora de matar os sobreviventes da caravana mas foram enganados pois ao se aproximarem do acampamento, Corona oculto nas sombras e pela grama à direita e Vampira à esquerda, depararam-se com os mortos da batalha anterior, todos acomodados como se estivessem dormindo ao redor de uma fogueira. Foram enganados e certamente observados pois Bruce agora tinha a certeza de que foram traídos e o clero de Lathander certamente procurará justiça. Decidiram então que voltariam ao Farol e caminhariam a noite inteira, e assim o fizeram.



Na manhã seguinte, foram recebidos com raiva por Abin, pois o plano não fora seguido. Corona fora prontamente culpado por Yuden mas se justificou que o plano não havia dado certo desde o início e aquela foi a decisão a ser tomada naquele momento. Discussões não levariam a nada, e fatalmente, durante as acusações, pessoas que não estavam envolvidas descobriram o que acontecera. O pacto com os kobolds e as traições. Herryk, Khorat, Dingól, os únicos que nada sabiam revoltaram-se com o ocorrido, mas eram a minoria e na Falange, todos deveriam fazer o que a maioria do grupo julgasse ser o correto. Essa era a lei.

Khorat decidiu que invadiriam o covil dos kobolds, matariam a todos e ficariam com as riquezas que encontrassem. Abin achava melhor fugirem e se esconderem em Amn, mas Vampira logo o acusou de querer fugir para a proteção dos paxás. O mago é claro negou. Erryk e Brander apenas ouviam enquanto no final, Vampira e Khorat se propuseram a descer até as profundezas do mar e revistar o navio. O plano, ao que parece, seguia seu destino. Allan, o gnomo que tentou manter a união do grupo sorria com os eventos.

Mas foi Dingól, o pequeno halfling servo de Yondalla que aprisionou a alma de todos com um juramento de que nenhuma outra mentira deveria ser contada. Uma pena que somente ele acreditava que Yondalla realmente cumpriria aquele juramento.

E agora os aventureiros também conseguiram outro inimigo. A própria falange os procuraria pois seu nome fora maculado por sua traição ao clero de Lathander. Algo que deveria ser simples para aquele grupo de mercenários se tornou um grave problema para toda a organização e Bruce certamente chefiaria um grupo de busca para que justiça fosse feita. E os Kobolds também querem a sua vingança...



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Renegado

Aquele foi um ano de guerra e destruição, onde o mal foi combatido por um mal ainda mais poderoso nas terras ao norte dos vales. O ano em que a rainha lich do Forte negro fora destruída pelo terrível Manshoon, mas também foi o ano em que Teziir foi fundada na lagoa do dragão. Este foi o ano que recebeu o nome de "O Ano do Grifo".

Próximo dali, nas montanhas da Fuga do Gigante, já se estruturava a muitas vidas de homens a cidadela anã de Barûk-Khazâd, que ficou conhecida no ano de 1358, durante o tempo das perturbações. Quando Lorde Ao expulsou as divindades de seus planos para puni-las e ensiná-las a proteger seus devotos, Clangeddin Barbas Prateadas encontrou refúgio naquele pequeno reino. Para proteger-se dos inimigos e expurgar as ameaças, o senhor das barbas de prata ensinou aos anões a cavalgar os grifos. Fomou-se ali a "Revoada do Machado e Martelo".

Naquele tempo, Khorat tinha 46 anos e era pouco mais que uma criança para os padrões anões. Desejava ter um grifo para si e lutar ao lado de um dos deuses criadores de sua raça. Seu pai, Karoth, um clérigo rígido de Clangeddin, mas muito sensato, sabia não ser a hora, e tentou instruir o filho nas artes dos anões. Mas Khorat sempre foi impetuoso, impaciente e arrogante. Nutria sem nenhum motivo, raiva dos elfos, uma rivalidade tão antiga quanto os próprios anões.

O filho de Karoth jamais se dedicou aos estudos da palavra de Clangeddin como era a vontade do pai, e em 1371, quando decidiu revoltar-se contra as tradições e as obrigações às quais era submetido diariamente, aparece no templo de da barba de prata com dois machados forjados por ele próprio e pequenos escudos presos a seus braços. Uma armadura de couro já desgastada, as barbas trançadas em presilhas de ossos e o cabelo raspado, com uma faixa ruiva como a barba que vinha do alto da testa.

-Você renegou seu povo Khorat. Você se porta não como um anão mas como um humano de vida curta. Você rejeitou os ensinamentos de Clangeddin e a tradição de gerações. Você está banido da Cidadela da Fuga do Gigante.

Olhando para todos que o observavam, seu pai impassivo diante do exílio do jovem Korath, este apenas gargalhou, empunhou seus dois machados, apontou-os um para seu pai e outro para o regente da cidadela e lhes disse:

- Vocês renegaram nossa própria origem. Somos uma raça de guerra, uma raça de luta, de machados, martelos e sangue. Mas se esconderam na montanha como elfos se escondem nas árvores. Eu seguirei meu próprio destino, e retornarei quando o vigor de nossa raça voltar a seu explendor. Quando os gigantes, orcs e elfos temerem nossos machados mais que os próprios dragões e à morte.

E sem ouvir o que lhe fora dito em resposta, Khorat partiu para a cidade de Tezzir, onde aceitou o trabalho de escoltar uma caravana até a cidade de Beregost, a oeste. Lá, conheceu um grupo de defesa miliciana chamados "A Falange", e decidiu lutar ao lado daquelas pessoas, acreditando que cedo ou tarde se encontraria em um desafio que o faria reconhecido e traria o respeito e orgulho devolta a seu povo.



A Víbora de fogo



- Em que mais posso servi-lo, amo?
- Após o desjejum, tomarei meu banho e irei dormir. Você já pode esquentar a água, criado.
- Certamente, amo.


O homem careca e de olhar sério deslizou entre as cortinas do luxuoso aposento como uma serpente. Seus olhos iam de um lado para o outro e suas mãos trabalhavam rápidas enquanto ele juntava os sais de banho e preparava o "esquentadouro". Um aparato mágico criado por seu mestre que esquentava até 10 galões de água à uma temperatura agradável, apenas pronunciando uma palavra de comando:

- Kari'zhe!

Com uma expressão entendiada, o homem careca esfregava a beirada da banheira de madeira com uma esponja. Seu amo era um homem muito exigente, e ainda por cima um canalha. Bem como a grande maioria dos Pashas de Calimporto. Sua aparência sempre impecável, sua barba bem cuidade e palavras floreadas só atingiam aqueles que ele queria impressionar. Para o pobre Abin, aquele homem era um verdadeiro diabo em Faerûn.

Abin o serviu desde que era um adolescente, quando ainda vivia com sua mãe em um casebre à beira do mercado de pulgas. Com o falecimento de sua querida mãe, seu único familiar que conheceu, seu mestre, Ibrahin Morhmad, permitiu que vivesse em seu palácio para ser seu servo particular. Após 25 anos, esse convívio somente serviu para aumentar a revolta dentro do coração do pobre Abin.

Contudo, Abin não era tolo nem ingênuo. Como seu amo tinha um poder mágico nas mãos, os outros o respeitavam.  Ele acreditava que se obtivesse esse mesmo poder, poderia conseguir o respeito que tanto almejava. Desde então, dia após dia o jovem cultivou esses sentimentos em seu amargo coração. Todos os dias eram como um treinamento de paciênca, enquanto tentava ler e aprender sobre tudo aquilo que seu mestre deixava à mostra no palácio. Um livro na cabecera de sua cama, um tomo antigo na sala de estudos, alguns objetos mágicos que insistia em mexer e remexer. Mas o aprendizado mágico não vem tão facilmente  assim. O que era uma busca fervorosa foi se transformando em sonho inalcançável. Aos poucos, o jovem foi se resignando, aceitando a sua situação de servo e o pior de tudo, o pior castigo que o destino poderia lhe impor. Abin envelheceu na servidão.

Contudo, seu mestre também envelheceu. Não se sabe ao certo se foi como acontece com algumas pessoas que amadurecem e tornam-se pessoas melhores, ou se o homem estaria usando a vida de seu servo para um plano maior, mas Ibrahin compadeceu-se de Abin. Em uma certa noite, ofereceu-lhe uma visita ao seu laboratório arcano. Um lugar proibido mortalmente, afinal, Ibrahin jurou sobre o véu de Azuth que mataria lentamente e dolorosamente qualquer um que adentrasse esse recinto sem sua expressa autorização. Nessa noite, o mago mostrou uma parcela de seu poder ao jovem Abin e lhe propôs ensiná-lo na arte. Como era de se esperar, Abin aceitou imediatamente.


O aprendizado não o eximiu de suas atividades diárias e da sua servidão. Contudo, agora o homem tinha um grande motivo para continuar vivendo. A magia era algo estupendo, muito melhor do que qualquer outra sensação que já experimentara. Era a ilusão de poder fazer tudo o que quiser, uma onipotência adorável mas terrível. O fogo nos olhos de Abin voltou a brilhar.

Mais tarde, Ibrahin iniciou o seu servo na tradição calimshita do fogo, uma especialidade mágica conhecida apenas por alguns magos da grande nação de Calimshan. O poder do fogo foi facilmente dominado por Abin, que de certa forma parecia já ter uma certa habilidade com o elemento. Os estudos continuaram e o aprendiz parece cada dia mais motivado e prestativo para com seu mestre.

- Seu banho está pronto, amo. Irei imediatamente preparar seus aposentos para que repouse.
- Certo, vá logo. Não demorarei aqui. E não se esqueça que amanhã convocaremos o elemental, prepare todos os feitiços de proteção, pois se você falhar, deixarei que ele o queime até os ossos.
- Certamente, meu amo. Com vossa licensa...
O velho mago deixou cair a toalha de lã de ovelhas negras que o cobria no chão e lentamente colocou uma das pernas dentro da água morna da banheira.
- Kravandir' Shirak'za! - O mago dissipou sua proteção contra elementos, para assim poder desfrutar do calor confortante daquela banheira.


Uma sensação de conforto lhe percorreu a espinha e então ele colocou a outra perna. Mas o velho homem sentiu uma dor estranha e fria que subiu-lhe inesperadamente do pé esquerdo à cabeça. Ao levantar-se da água e olhar o que causou o desconforto, deparou-se com uma grossa agulha, praticamente toda fincada em seu corpo.

- Abiiiin! O que... Coff, coughf! Cooofh! é isso? Abiin! Venha cá, seu verme! Ven... nha.. ar.. aarrhh...


Naquele momento, após cessarem os gritos do velhote, a única porta do cômodo se abre. Uma figura encapuzada entra com uma adaga encurvada e cheia de dentes em punho. Nesse momento, Abin está subindo um lance de escadas dentro do palácio. Sua mente está repleta de medo e excitação. Acompanhava a rotina do mago à muitos anos, sabia que ele podia ler a mente de todos que quisesse, sabia que ele conjurava magias de proteção diarimente, sabia que uma poderosa magia de contingência o levaria até seu laboratório secreto (onde ele escondia um grande arsenal de poções curativas) caso fosse atingido mortalmente. Lembrou-se do momento em que lhe foi oferecido para ser pupilo de Ibrahin. Lembrou-se da expressão patética de compaixão que havia em seu rosto. Naquele momento, ele soube que seria livre de uma vez por todas.

O primeiro passo foi dado logo nos primeiros meses de aprendizado, quando secretamente se encontrou com um dos inimigos declarados do arcano, Kazir Umbramar. Ele lhe forneceu um broche que confundiria a detecção de seus pensamentos, o qual Abin conseguiu manter em segredo facilmente devido à magia "Aura mágica de Nystul" conjurada permanentemente sobre ele. Após isso, traçou o plano e esperou até o momento certo para executá-lo. Veneno drow não foi tão difícil de se encontrar. Uma caravana de Amn que dizia vender peles de animais e escondia muitos segredos forneceu-lhe o precioso líquido negro. Agora, quanto ao homem que adentrava nesse momento os aposentos do Pasha Ibrahin, ora, assassinos são mais fáceis de contratar do que um bom alfaiate nesse lugar.

Abin ativou as runas que abriam o laboratório. Agora com seu recém adquirido poder mágico, tal feito era fácil para seu intelecto esclarecido. Enquanto isso, uma adaga deslizava delicadamente fundo na garganta de seu mestre. Como ele esperava, um clarão azul anunciou a ativação da contingência e uma figura patética e nua colocava inutilmente a mão em sua garganta cortada para tentar reter a vida em seu corpo, enquanto rastejava até a estante de poções. Sem poder falar, a magia não viria  para o decadente Pasha.

- O banho estava do seu agrado, amado senhor?


O velho, ainda atônito com a traição, se vira para a porta tenta pronunciar algo que pareceu uma maldição aos ouvidos de Abin.

- Percebi que, como de costume, o senhor dissipou suas proteções para poder sentir melhor o conforto e calor do banho... uma lástima, pois eu gostaria muito de lhe mostrar algumas coisas que o senhor me ensinou! - Phyronea Cremarum!




Abin estica suas mãos na direção do caído Pasha. O fogo vem como no sopro de um dragão, queimando a carne e cabelos, deixando a carne do velho homem exposta, mas anda assim ele estava vivo.

- Phyronea Cremarum! - Abin grita com mais intesidade... e após o som do fogo cessar, ouviu-se o silêncio...


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Novas imagens oficiais

Novas imagens oficiais do grupo!






Minuto de Silêncio

Eu gostaria de compartilhar este humilde espaço para informar que na noite de 04/10 para 05/10, faleceu o pequeno José, filho da amiga do trabalho Alessandra Gusmão. A causa mortis foi meningite. O garotinho tinha pouco mais de 1 aninho de idade.

Aqueles que acreditam em Deus, forças maiores, espíritos bondosos, anjos da guarda e afins, que canalizem boas energias a essa família que passa por uma tristeza tão grande. Nenhum pai e mãe deveria passar pelo martírio de enterrar o próprio filho.

Apesar de jamais ter sido tão próximo à família, compartilho de sua dor, pois sou pai de um menininho de 9 meses e não gostaria de sentir nem mesmo a menor fração do que se passa com estes pais.

Que Deus conceda alento nessa hora difícil.

Apesar de meus amigos de RPG não conhecerem os envolvidos, tenho certeza de que falo por eles quando digo que desejamos paz a seus corações.

Que Deus receba o pequeno José em seus braços de luz.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

The Mystic Wizard

Para descontrair, um vídeo muito loco que vi no charges.com.br

Ri litros!